Suíça bate Espanha e entra para a história
Zebra anula fúria e pela primeira vez na história vence espanhóis, resultado garante liderança dividida com o Chile e, princípio de crise na Espanha
A Espanha não convive bem com o status de favorita, badalada e com um dos melhores times do mundial e até mesmo de sua história, a “fúria” sucumbiu para a Suíça, que bem postada na defesa e rápida nos contra golpes fez história, venceu por 1 a 0, primeira na história dos confrontos e passeou como a grande zebra do grupo H, dividindo assim a liderança com o Chile, que um pouco mais cedo venceu Honduras também pelo mesmo placar.
Com nomes de peso, a Espanha dominou o jogo, mas o fantasma do favoritismo começou a surgir e, a ausência dos gols fez a “fúria” ficar furiosa consigo mesmo, a Suíça estava bem armada defensivamente, não dava chances para as investidas espanholas, além disso os contra golpes dos suíços foram fulminantes e por pouco a zebra não é ainda maior em Durban.
Para continuar vivo na competição, a seleção espanhola precisa de duas vitórias nos próximos dois jogos, caso contrário, definitivamente será um vexame já que toda a expectativa se fez presente. As duas equipes voltam a campo na semana seguinte, dia 21, no duelo de líderes Chile e Honduras disputam o primeiro lugar da chave. Já a Espanha encara Honduras em busca de novos ares e da vitória.
Bom futebol, mas cadê o gol, Fúria?
Piqué chuta, e Benaglio evita o gol do zagueiro
espanhol no primeiro tempo em Durban
Em algum ponto da constituição espanhola deve estar escrito que é proibido tirar a bola do chão. Balões, bicos para longe, lançamentos lotéricos, tudo isso só é liberado em casos de urgência extrema. A verdade é que essa Espanha joga o melhor tipo de futebol: aquele que une técnica com organização, que casa o talento com a dinâmica.
Está na matemática a explicação para o jogo da Espanha no primeiro tempo contra a Suíça. Com Busquets, Xavi, Xabi Alonso, Iniesta e David Silva, a Fúria não tem cinco jogadores no meio: são dez, são 15, são múltiplos. Eles não se aquietam, não criam moradia em alguma parte específica do campo. A turma de Vicente del Bosque se movimenta como se tivesse formigas dentro dos meiões.
Foi por tudo isso que só deu Espanha no primeiro tempo. Mas faltou algo. Pior: faltou o principal. Cadê o gol, Fúria?
Faltou efetividade a uma Espanha amplamente dominadora na etapa inicial. Houve repetidas chances de gol, mas elas não foram das mais claras. Uma boa infiltração de David Villa, chutes cruzados de David Silva e Sérgio Ramos, tentativa de longe de Iniesta, nada de muito assustador. Chance boa mesmo, daquelas de levantar a torcida, só aos 23 minutos. Iniesta acionou Piqué na área. O zagueiro cortou Grichting e mandou o chute. O goleiro Benaglio saiu bem para abafar.
A Suíça não conseguiu atacar. Com aquele mesmo jeitão de quem não levou um gol sequer em quatro jogos na Copa de 2006, soube segurar a onda espanhola. A única oportunidade de gol do time treinado por Ottmar Hitzfeld foi em cobrança de falta de Ziegler. Casillas caiu bem para defender. No fim, o que mais chamou a atenção nos suíços no primeiro tempo foi a lesão de Senderos. O zagueirão se machucou após dividida com Lichtsteiner. Não teria nada de excepcional no lance se o tal do Lichtsteiner também não fosse suíço...
Senderos saiu de campo desolado, incrédulo com o que estava acontecendo. De fora, viu a Espanha seguir pressionando. Villa, em arrancada pela esquerda, fez Von Bergen quase chegar a Zurique com um carrinho todo atrapalhado. Na hora da conclusão, o atacante do Valência tentou encobrir Benaglio, mas errou o alvo. Cadê o gol, Fúria?
Incrível! Suíça derruba a favorita
Gelson Fernandes comemora o gol da Suíça: zebra
aparece em Durban (Foto: EFE)
Mais perguntas do que respostas, mais dúvidas do que certezas. Foi o que passou pela cabeça dos espanhóis quando Gelson Fernandes, na largada do segundo tempo, aproveitou bobeada da zaga vermelha para colocar a Suíça na frente. O lance começou em um tiro-de-meta cobrado por Benaglio, passou por um desvio de cabeça no meio, teve sequência na corrida de Derdiyok, seguiu com a trapalhada dos zagueiros e terminou com o toque final de Fernandes. Piqué, sentado no chão, com um corte no rosto, era a imagem mais contraditória possível diante da euforia suíça.
Restou à Espanha partir ao ataque. A saída de Busquets, um volante, para a entrada de Fernando Torres, um atacante, deu o aviso de que era tudo ou nada para a Fúria. Os favoritos incrementaram a pressão, abafaram, testaram o goleiro uma vez atrás da outra. Villa, Torres, Iniesta, todos tentaram. Xabi Alonso, de fora da área, fez o travessão tremer, fez o Moses Mabhida inteiro balançar, com uma pancada sem tamanho. E nada.
Nada, nada e nada. A Suíça, quanto mais a Espanha atacava, mais avisava que até poderia fazer o segundo gol. Faltou muito pouco para realmente acontecer. Derdiyok partiu em disparada no contra-ataque, tirou a defesa para dançar e deu um toque lindo, com o lado de fora da chuteira, no contrapé de Casillas. A bola beijou a trave. Seria um golaço.
O desenho do jogo seguiu o mesmo, sem novos rabiscos drásticos, com a Suíça na dela, à espreita, e a Espanha abafando. Iniesta, lesionado, deu lugar a Pedro. Mas ficou na mesma, com aquelas perguntas martelando na mente espanhola: cadê o gol, Fúria? Cadê a vitória?
Ass.: Cido Portal: Fut-Interativo
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